quarta-feira, 1 de junho de 2016

Parabéns! Você é um Ironman! .... Será?

Lew Hollander, 85 anos fechando Kona
Paula Newby Frasier a metros da
 chegada em Kona, "Eu acho que eu vou morrer!

Todo mundo já sabe do que eu vou falar, então quero deixar claro que não vou criticar diretamente
alguns dos Ironmans, mas sim as regras como estão, que na minha opinião precisam ser inovadas, adaptadas.

The Crawl
Desde sua criação o Ironman vem se tornando cada vez mais um produto que um estilo de vida. Uma vez na transmissão de Kona, acho que foi a atleta Pro Mary Beth Ellis que disse: "é muita dor, é difícil de explicar, todas as células do seu corpo gritam para o seu cérebro e te mandam parar, e aí está o desafio, seguir em frente e o mais rápido possível, para a dor passar mais rápido." Para mim, pelo menos, essa é a frase que melhor define o Parabéns, você é um Ironman na chegada, é o mesmo que dizer, você venceu a si mesmo, você colocou o seu corpo no limite e venceu.

Mas, nem tudo são flores, os organizadores viram a oportunidade, pegaram a fórmula deste
sentimento, rotulou, e hoje é fabricado, industrializado e vendido pelo mundo todo a preços cada vez maiores! Resultado? Hoje você não precisa mais levar a sua mente ao limite para ser um Ironman, basta você comprar e usar! Aí vem a pergunta, isso é ser um Ironman? Na foto temos um atleta da categoria 35-39 anos fantasiado de Flash cruzando a linha de chegada com 15:35:00. Esse atleta correu, aliás não, andou a maratona para 6:37, isso é um pace de 9'27" p/km. Pessoal, o que é ser um Ironman? É NADAR 3,8km, PEDALAR 180km e CORRER 42km. É óbvio que a imensa maioria, quase todos não correm a totalidade da maratona, mas quando não o fazem buscam esse objetivo o tempo todo. Eles não ficam caminhando no asfalto, no plano, numa temperatura amena no cair da noite sem preocupação.

Pois é, exatamente aí está o meu ponto, para um atleta, grosseiramente falando, de até uns 45 anos não há qualquer preocupação em correr, em vencer a barreira psicológica da dor, porque eles tem muiiiiito tempo para chegar e ser um Ironman, eles já pagaram.

Agora vejam só, chega o jovem atleta de 30 anos, as 16 horas de prova, saltitante, fantasiado e logo 5 minutos depois chegam 3 senhores na média de 65 anos. Nenhum preconceito, existem vários "coroas" que dão na minha cabeça, mas na minha opinião, beira a falta de respeito dizer que ambos são igualmente Ironman.

Vamos a alguns números interessantes.

Floripa 2016 - 1503 Ironmans
* Acima de 15 horas -- 58 atletas, 3,8% do total
* Dos 58, apenas 18 possuem mais de 50 anos
* 40 atletas entre 18 e 40 anos terminaram acima de 15 horas
* Destes 40, apenas 10 fizeram a maratona abaixo de 6 horas

Ou seja, esse pessoal é um Ironman? Eles caminharam, brincaram e "curtiram" o dia e ao final receberam um título que quando falamos no inicio do texto tem um significado totalmente diferente.

Bom, minha avaliação foi muito superficial, quero deixar claro que em nenhum momento quis ofender o tal "Flash", apenas o tomei como exemplo porque não tinha como ser diferente. Meu único intuito é mostrar que nós atletas temos o poder nas mãos, fomos nós que transformamos essa marca em uma indústria de dinheiro, ao final, somos clientes e deveríamos exercer nosso poder de barganha. Eu penso que horários de corte proporcionais as faixas etárias seria algo inovador, faria uma limpa de quem não vai pra lá com objetivo real, diminuir o numero de competidores, oferecer melhor estrutura, principalmente no espaço para ciclismo e consequente diminuição do polemico Vácuo, que não podia deixar de mencionar.

Edição, 02 de junho as 15:30.

Postado no face, foi muito legal o resultado e os pontos levantados. Não podia deixar de registrar a sugestão da Karen Riecken. Ela disse que uma mudança seria exigir dos atletas um curriculo prévio de outras competições ou tempos nas mesmas. Achei isso muito bacana, como ela mesma disse você pode se preparar 1 ano e no dia ter um problema que te colocaria no corte da prova, mas que você queria terminar mesmo assim, com a idéia dela quem estivesse na largada no dia da prova é porque comprovado merece estar ali, bacana!

Bom, os falou João Vitor Novaes, 19 anos nesse esporte maluco do triathlon, que relutou para se inscrever em Floripa por não concordar com tudo isso, mas que cedeu à pressão dos amigos em 2013, fechei pra 11:07:00, sofri demais e não pretendo voltar, sabe porque? Porque você não precisa comprar de uma marca o selo de superar um desafio, eu levei meu corpo a um limite muito mais extremo em outras oportunidades e não existem rótulos para estes momentos, eles são meus e assim deveria ser com todos, porque um dia foi assim!

3 comentários:

  1. Doidao, fiz fortaleza em 2015 e fiz pessimos 15:13min, devido a problemas estomacais que tive nos 60 finais da bike e na maratona que fiz para ridiculos 5:54 por conta da lesao que tive no calcanhar no inicio, mas acredite correr mais lento não significa menos sofrido, acho que chegarei a 11hs de prova como vc algum dia mas a experiencia da prova é algo que fica para todos quer sejam atletas de elite ou atletas de FDS, segue aqui minha maratona ridicula ....https://connect.garmin.com/modern/activity/952318554

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    1. Sem duvida brother, a experiencia obvio que fica, no seu caso a minha ideia iria fazer voce nao terminar a prova, mas voce nao seria retirado no ponto de corte como pude ver. Ja imaginou se voce soubesse que o seu tempo limite fosse 15 horas? Sera que vc nao conseguia ainda mais o inimaginavel? Caso nao ficaria a frustração de um dia e a motivação de fazer o proximo e completar. Em qualquer esporte e qualquer modalidade existem os dias ruins.

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