quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Balanço Olímpico Rio 2016 x Projeto Rio Maior



O Projeto Rio Maior foi iniciado em 2011 e foi o maior investimento em alto rendimento que o triatlo brasileiro já viu. Mas e aí? Deu certo?

Essa semana o diretor técnico da Cbtri, Marco La Porta disse que sim, “...foi um caminho que a CBTri ofereceu aos seus atletas e deu certo” . 

Ele ainda rebateu críticas de comparação dos resultados com os dos, até hoje, ídolos do esporte da década de 90. “Muitos se referem aos resultados obtidos na década de 1990, alegando que eram superiores, mas se esquecem que o triathlon não era esporte olímpico, portanto, o investimento das grandes potências olímpicas era pequeno”. “ Após 2000, ficou muito mais difícil. Nós sabemos o caminho, temos profissionais capacitados, podemos chegar nas medalhas sim, mas o mais importante é a constância em resultados internacionais. Precisamos ter mais atletas frequentando o Top 10 das principais competições, em todas as categorias”

Bom, pelo que entendi pouca coisa irá mudar, parece que o projeto Rio Maior será reformulado e adequado as realidades financeiras do país, o que será que nos espera pra frente?
Bom, eu não vou direcionar críticas, diferente do que foi dito na nota do site da Cbtri, eu irei mostrar alguns números.

Primeiro vamos à análise dos resultados do projeto quanto a participação brasileira na zona de classificação olímpica.

Vocês veem alguma evolução? A única mudança é que tivemos Pamella figurando sozinha no feminino, principalmente porque ela “começou” a correr no circuito mundial, e não porque melhorou posições.
Vamos aos rankings individuais, dos atletas olímpicos.


Veja só, Pamella claramente teve seu pico entre 2012 e 2014, já no ano antecessor a Olimpíada e no próprio, vertiginosa queda, mas o projeto não tinha foco em 2016?  O mesmo ocorreu com Diogo.
Aí o diretor técnico disse que não podemos comparar com os resultados da década de 90, os atletas de 90, competiram nas olimpíadas de 2000 e 2004 “quando já estava mais difícil”, vejamos os resultados ao longos dos anos.

                             

Fica claro que não só os resultados foram caindo de posição, como também e mais grave o numero de participantes da delegação brasileira caiu.

Gente, 6 anos se passaram e está claro que não “deu certo”, a participação da confederação nas provas nacionais foram quase inexistentes nesse período, o Campeonato Brasileiro tem etapa única, o de Longa Distância também e há anos no mesmo local, o de Cross Triathlon simplesmente não aconteceu em 2016 e todos esses anos não sediamos nenhum evento do circuito de World Cup ou WTS da ITU.

Tudo isso está diante da gente e se repete o discurso de 2011? Reformular, sabemos o caminho, estamos no caminho certo, a luta não será fácil, estamos orgulhosos dos nossos resultados, demos tudo que podíamos, não estava me sentindo bem no dia, não era o que eu esperava.......ninguém percebe que o discurso é o mesmo e não chegamos a lugar nenhum assim?

Não da pra dizer que o resultado não foi o que planejei ou que ficou longe do que era esperado, baseado em que se esperava mais? Se ficarmos acreditando que podemos fazer resultados impossíveis, não iremos enxergar nossas falhas e poder consertar. Não tem como afirmar que “estamos no caminho certo”. 10 anos provam que não!

Pamella fechou o evento teste do rio em 2015 com 02:02 e a Olimpíada com 02:04, se repetisse o tempo seria a 30ª colocada, esse era o esperado? Faz mais de 2 temporadas que ela não conseguia sair pra correr no primeiro pelotão quando esse tinha 15 ou menos atletas, ou seja, uma fuga ocorreu. Porque achar que na Olimpíada isso seria possível? Porque ficar surpreso com o rendimento dela no ciclismo se havia sido assim há varias provas?

Diogo infelizmente o mesmo. A natação fora do grupo dos primeiros sempre o pós no segundo pelote onde disputaria do 15º lugar pra baixo, quando temos um imenso pelotão seu melhor resultado nas ultimas temporadas foi um 19º lugar em Yokohama 2015 quando correu pra 31:25, se tivesse repetido essa corrida no Rio, teria chegado em 35º lugar.

Gente, pelo amor de todos os Deuses, eu não quero ficar diminuindo os méritos dos dois, Pamella é uma guerreira que poucas vezes vi igual, o que ela fez em Londres depois da queda, a expressão no rosto dela sempre, simplesmente é lindo! É pura garra, muito orgulho disso e dela ser da minha terra. Diogo também, sou da mesma geração, ele e Reinaldo são os únicos que deram certo, são pais, são os guerreiros solitários e enfrentam o que tiver, excelente postura de fair play e pessoas maravilhosas, exemplos a serem seguidos.

Mas, temos que entender que esse era o resultado esperado, se queremos algo diferente, temos que mudar o que estamos fazendo e não manter o mesmo discurso. Tivemos a menor delegação olímpica de toda a história, e os piores resultados. Vamos realmente dizer que deu certo, cortar um pouco os custos dizer que o objetivo é “bonito” e seguir em frente com a mesma formula???