O Projeto Rio Maior foi iniciado em 2011 e foi o maior
investimento em alto rendimento que o triatlo brasileiro já viu. Mas e aí? Deu
certo?
Essa semana o diretor técnico da Cbtri, Marco La Porta disse
que sim, “...foi um caminho que a CBTri
ofereceu aos seus atletas e deu certo” .
Ele ainda rebateu críticas de
comparação dos resultados com os dos, até hoje, ídolos do esporte da década de
90. “Muitos se referem aos resultados
obtidos na década de 1990, alegando que eram superiores, mas se esquecem que o
triathlon não era esporte olímpico, portanto, o investimento das grandes
potências olímpicas era pequeno”. “ Após 2000, ficou muito mais difícil. Nós
sabemos o caminho, temos profissionais capacitados, podemos chegar nas medalhas
sim, mas o mais importante é a constância em resultados internacionais.
Precisamos ter mais atletas frequentando o Top 10 das principais competições,
em todas as categorias”
Bom, pelo que entendi pouca coisa irá mudar, parece que o
projeto Rio Maior será reformulado e adequado as realidades financeiras do
país, o que será que nos espera pra frente?
Bom, eu não vou direcionar críticas, diferente do que foi
dito na nota do site da Cbtri, eu irei mostrar alguns números.
Vocês veem alguma evolução? A única mudança é que tivemos
Pamella figurando sozinha no feminino, principalmente porque ela “começou” a
correr no circuito mundial, e não porque melhorou posições.
Vamos aos rankings individuais, dos atletas olímpicos.
Veja só, Pamella claramente teve seu pico entre 2012 e 2014,
já no ano antecessor a Olimpíada e no próprio, vertiginosa queda, mas o projeto
não tinha foco em 2016? O mesmo ocorreu
com Diogo.
Aí o diretor técnico disse que não podemos comparar com os
resultados da década de 90, os atletas de 90, competiram nas olimpíadas de 2000
e 2004 “quando já estava mais difícil”, vejamos os resultados ao longos dos
anos.
Fica claro que não só os resultados foram caindo de posição,
como também e mais grave o numero de participantes da delegação brasileira
caiu.
Gente, 6 anos se passaram e está claro que não “deu certo”,
a participação da confederação nas provas nacionais foram quase inexistentes
nesse período, o Campeonato Brasileiro tem etapa única, o de Longa Distância
também e há anos no mesmo local, o de Cross Triathlon simplesmente não
aconteceu em 2016 e todos esses anos não sediamos nenhum evento do circuito de
World Cup ou WTS da ITU.
Tudo isso está diante da gente e se repete o discurso de
2011? Reformular, sabemos o caminho, estamos no caminho certo, a luta não será
fácil, estamos orgulhosos dos nossos resultados, demos tudo que podíamos, não
estava me sentindo bem no dia, não era o que eu esperava.......ninguém percebe
que o discurso é o mesmo e não chegamos a lugar nenhum assim?
Não da pra dizer que o resultado não foi o que planejei ou
que ficou longe do que era esperado, baseado em que se esperava mais? Se
ficarmos acreditando que podemos fazer resultados impossíveis, não iremos
enxergar nossas falhas e poder consertar. Não tem como afirmar que “estamos no
caminho certo”. 10 anos provam que não!
Pamella fechou o evento teste do rio em 2015 com 02:02 e a
Olimpíada com 02:04, se repetisse o tempo seria a 30ª colocada, esse era o
esperado? Faz mais de 2 temporadas que ela não conseguia sair pra correr no
primeiro pelotão quando esse tinha 15 ou menos atletas, ou seja, uma fuga
ocorreu. Porque achar que na Olimpíada isso seria possível? Porque ficar
surpreso com o rendimento dela no ciclismo se havia sido assim há varias
provas?
Diogo infelizmente o mesmo. A natação fora do grupo dos
primeiros sempre o pós no segundo pelote onde disputaria do 15º lugar pra
baixo, quando temos um imenso pelotão seu melhor resultado nas ultimas
temporadas foi um 19º lugar em Yokohama 2015 quando correu pra 31:25, se
tivesse repetido essa corrida no Rio, teria chegado em 35º lugar.
Gente, pelo amor de todos os Deuses, eu não quero ficar
diminuindo os méritos dos dois, Pamella é uma guerreira que poucas vezes vi
igual, o que ela fez em Londres depois da queda, a expressão no rosto dela
sempre, simplesmente é lindo! É pura garra, muito orgulho disso e dela ser da
minha terra. Diogo também, sou da mesma geração, ele e Reinaldo são os únicos
que deram certo, são pais, são os guerreiros solitários e enfrentam o que
tiver, excelente postura de fair play e pessoas maravilhosas, exemplos a serem
seguidos.
Mas, temos que entender que esse era o resultado esperado,
se queremos algo diferente, temos que mudar o que estamos fazendo e não manter
o mesmo discurso. Tivemos a menor delegação olímpica de toda a história, e os
piores resultados. Vamos realmente dizer que deu certo, cortar um pouco os
custos dizer que o objetivo é “bonito” e seguir em frente com a mesma
formula???