quarta-feira, 15 de junho de 2016

Leeds confirma a expectativa de festa e a volta de Alistair!


Já fazia anos que o projeto de levar uma etapa da WTS era visto com muita expectativa, para os irmãos Brownlee foi como a preparação de um ciclo olímpico, se assim foi, Alistair ganhou outra medalha de ouro com maestria e muito muito merecido numa festa maravilhosa do público. Vamos aos comentários.

Começando com as meninas, tivemos de volta Flora Duffy que mais uma vez mostrou ser a “game changer”, estou ficando repetitivo mas ela sempre tem algo novo para nos mostrar, nos ensinar. Dessa vez a natação formou um grupo forte de 10 mulheres na saída da água, mas a transição e início de pedal de Flora foi algo a mais, foi demais!

Acompanharam ela, as britânicas, HollandStimpson e Stanford? Não, Learnmonth e Lucy Hall acompanharam o Trem das Bermudas. No grupo de trás estavam as fortes, HollandStimpsonGwenMoffatKlamer, o time todo. Mas a distância só aumentava e por vários momentos houve um “dialogo” no grupo de frente onde em um jogo de equipe as britânicas tentavam diminuir o passo, Flora não teve outra opção a não ser pedalar “sozinha” com as 2 britânicas voando em volta dela tipo mosquitos sabe? Flora só olhou pra frente e pedalou! Pés no chão, Flora saiu pra correr com 1’40” de vantagem para Gwen, como ela disse ao final da prova “sair pra correr com a Gwen vindo de trás é sempre algo aterrorizante”, e não é pra menos, Gwen e suas passadas largas fizeram mais uma vez uma corrida incrível e antes de fechar os 7km Gwen já liderava a prova.
Ficou claro qual vai ser a jogada no Rio, Flora já não é mais novidade e quem estava lá assistindo a prova era Helen 
Jenkins, que torce para ver a cena de Gold Coast se repetir no Rio, ela e Flora escaparem da Gwen, abrir uma vantagem suficiente para a medalha de ouro, as apostas para o Rio começam a rolar!!!!

Na prova masculina um desfile dos irmãos Brownlee que correram não só com o físico mas com o coração, igual uma prova de olimpíada. Assim como na prova feminina um grupo com os mais fortes se formou na saída da água e a transição foi novamente crucial no resultado da prova, é lindo ver todos os detalhes do triathlon sendo decisivonos resultados. Com a sede de sempre Alistair saiu da transição muito forte seguido de Aron Royle e Aurelien, eles iam abrindo e deixando pra trás um pequeno grupo com Gomez, Jonny e Varga que foram mais lentos na T1. Aí chega o momento decisivo na prova, Jonny não quer perder o grupo do irmão e larga Gomez pedalando muito forte num ataque, Alistair a frente diminui o passo e espera a chegada do irmão. Foi incrível ver como Gomez não reagiu naquele momento, foi tipo uma chance de saltarde um trem sabe? Sei lá, passou o momento e depois não tinha mais o que fazer, o sonho estava perfeito, os irmãos Brownlee escapados a frente com mais 2 bons ciclistas indo em direção de retorno ao centro da cidade para os braços do público.
E assim foi o plano perfeito, 7 voltas no centro, abrindo cada vez mais a vantagem, até chegar a T2 com 2’10” a frente! Já era certo que as crias locais levar
iam a prova, restava saber quem ia ser. Com 1km de prova na corrida, Alistair respondeu, começou a abrir mostrando uma corrida um pouco diferente, com uma passada um pouco mais larga e mais estável, menos daquele garoto correndo nas pontas dos cascos 110% a todo o tempo. Deu certo, colocou uma confortável vantagem no irmão, ficou nos braços do público e seu irmão como herdeiro veio em segundo. Fechou o pódio o Australiano e Gomez com a melhor corrida do dia mas o único que teve que sofrer tanto.
Após a prova Gomez admitiu que foi um erro a ser aprendido, acho que o mérito é todos os irmãos 
Brownlee, quem busca o esforço máximo o tempo todo, quem busca a perfeição de andar forte nas 3 modalidades do triathlon sempre em algum momento irá alcançar feitos magníficos. Calma, calma, estou menosprezando Gomez não, ele mesmo disse também “é bom ver a performance progredindo, e espero chegar no Rio como planejado”.  A “Road to Rio” vai chegando ao final e as expectativas só aumentam!

Em resumo, vimos mais algumas cartas sobre a mesa para o Rio, mas ficou claro que no feminino a briga será de Gwen com as britânicas com a Flora misturando isso tudo aí, não esquecendo que lá ela terá sua companheira de ferrovia, Nicola Spirig, o trem suíço que virá de trás trazendo quem conseguir embarcar.

No masculino tivemos até agora dois times separados jogando, os velocistas Mola e Murray e Gomez e Brownlee. Quando juntar todo mundo vai ser briga boa!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Leeds traz prévia da Olimpíada este final de Semana!

E finalmente a WTS chegou a Leeds. Foi ano passado quando a ITU confirmou a cidade como uma das etapas do circuito mundial que os irmãos Brownlee comemoraram como uma medalha olímpica! Leeds para eles é algo muito importante, onde mora, onde estudaram, Jonny é fissurado no time da cidade de Rugby. A cidade também passou a ser o centro de treinos para a dupla inseparável Stanford e Holland. Mas vamos as brigas!


Prova Feminina 
Muitas curiosidades de quem larga, o time britânico não tem a presença de Helen Jenkins, a terceira selecionada para o Rio, mas vem Jodie Stimpson que parece estar faminta pelo título de 2016 depois de ter ficado fora dos jogos, será que estão evitando conflitos? Não importa, a briga vai ser boa demais, Gwen Jorgensen enfrenta Stanford que na minha opinião é a principal ameaça na medalha de ouro, jogos de equipe podem começar a ser observados aí. Pra temperar e deixar o cenário mais parecido com o dia do Rio, volta às provas a "game changer" Flora Duffy que pode atrapalhar várias estratégias de times voando baixo na bike. O principal ponto a ser observado será ver se Jorgensen terá uma prova fácil ou as coisas vão esquentar e muito até o Rio. Fechando o bonde estrelar, teremos todas as coadjuvantes de peso, Hewitt, Moffat, Sarah True e até minha querida chica Barbara Riveros. Agora só pra fechar, imagina se Stimpson ganha? Vixi, gosto nem de pensar.

Prova Masculina

Aí é nitroglicerina pura! O time olímpico britânico vem completo com o terceiro participante Benson e já poderemos ver algumas táticas de equipe, do outro lado Gomez volta a campo sem sua esquadra espanhola com a ausência de Alarza e Mola. Se a rivalidade entre Gomez e os irmãos já é boa, imagina em Leeds, Alistair não vai querer deixar essa vitória escapar de jeito nenhum, mas será que ele tem condições de evitar? Essa prova será ótima para vermos como está na hora do vamos ver a perfomance de cada um. Ah, e não posso esquecer da zebra do ano, que tem trazido emoção as provas, Kristian Blummenfelt, o jovem noruegues de 20 anos vem dando muito trabalho, veja as ultimas provas, bronze em Yokohama ficando 5km no cangote de Mola e bateu Jonny e Gomez no Grand Prix de Triathlon na França dias atrás. O cenário é total propício para ele repetir o feito.

Não perca de jeito nenhum a prova nesse final de semana assistindo através de triathlonlive.tv . Estarei fazendo comentários ao vivo pelo Twitter em @JoaoNovaes
Largada Feminina - Domingo dia 12 as 09:00
Largada Masculina - Domingo dia 12 as 11:45


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Parabéns! Você é um Ironman! .... Será?

Lew Hollander, 85 anos fechando Kona
Paula Newby Frasier a metros da
 chegada em Kona, "Eu acho que eu vou morrer!

Todo mundo já sabe do que eu vou falar, então quero deixar claro que não vou criticar diretamente
alguns dos Ironmans, mas sim as regras como estão, que na minha opinião precisam ser inovadas, adaptadas.

The Crawl
Desde sua criação o Ironman vem se tornando cada vez mais um produto que um estilo de vida. Uma vez na transmissão de Kona, acho que foi a atleta Pro Mary Beth Ellis que disse: "é muita dor, é difícil de explicar, todas as células do seu corpo gritam para o seu cérebro e te mandam parar, e aí está o desafio, seguir em frente e o mais rápido possível, para a dor passar mais rápido." Para mim, pelo menos, essa é a frase que melhor define o Parabéns, você é um Ironman na chegada, é o mesmo que dizer, você venceu a si mesmo, você colocou o seu corpo no limite e venceu.

Mas, nem tudo são flores, os organizadores viram a oportunidade, pegaram a fórmula deste
sentimento, rotulou, e hoje é fabricado, industrializado e vendido pelo mundo todo a preços cada vez maiores! Resultado? Hoje você não precisa mais levar a sua mente ao limite para ser um Ironman, basta você comprar e usar! Aí vem a pergunta, isso é ser um Ironman? Na foto temos um atleta da categoria 35-39 anos fantasiado de Flash cruzando a linha de chegada com 15:35:00. Esse atleta correu, aliás não, andou a maratona para 6:37, isso é um pace de 9'27" p/km. Pessoal, o que é ser um Ironman? É NADAR 3,8km, PEDALAR 180km e CORRER 42km. É óbvio que a imensa maioria, quase todos não correm a totalidade da maratona, mas quando não o fazem buscam esse objetivo o tempo todo. Eles não ficam caminhando no asfalto, no plano, numa temperatura amena no cair da noite sem preocupação.

Pois é, exatamente aí está o meu ponto, para um atleta, grosseiramente falando, de até uns 45 anos não há qualquer preocupação em correr, em vencer a barreira psicológica da dor, porque eles tem muiiiiito tempo para chegar e ser um Ironman, eles já pagaram.

Agora vejam só, chega o jovem atleta de 30 anos, as 16 horas de prova, saltitante, fantasiado e logo 5 minutos depois chegam 3 senhores na média de 65 anos. Nenhum preconceito, existem vários "coroas" que dão na minha cabeça, mas na minha opinião, beira a falta de respeito dizer que ambos são igualmente Ironman.

Vamos a alguns números interessantes.

Floripa 2016 - 1503 Ironmans
* Acima de 15 horas -- 58 atletas, 3,8% do total
* Dos 58, apenas 18 possuem mais de 50 anos
* 40 atletas entre 18 e 40 anos terminaram acima de 15 horas
* Destes 40, apenas 10 fizeram a maratona abaixo de 6 horas

Ou seja, esse pessoal é um Ironman? Eles caminharam, brincaram e "curtiram" o dia e ao final receberam um título que quando falamos no inicio do texto tem um significado totalmente diferente.

Bom, minha avaliação foi muito superficial, quero deixar claro que em nenhum momento quis ofender o tal "Flash", apenas o tomei como exemplo porque não tinha como ser diferente. Meu único intuito é mostrar que nós atletas temos o poder nas mãos, fomos nós que transformamos essa marca em uma indústria de dinheiro, ao final, somos clientes e deveríamos exercer nosso poder de barganha. Eu penso que horários de corte proporcionais as faixas etárias seria algo inovador, faria uma limpa de quem não vai pra lá com objetivo real, diminuir o numero de competidores, oferecer melhor estrutura, principalmente no espaço para ciclismo e consequente diminuição do polemico Vácuo, que não podia deixar de mencionar.

Edição, 02 de junho as 15:30.

Postado no face, foi muito legal o resultado e os pontos levantados. Não podia deixar de registrar a sugestão da Karen Riecken. Ela disse que uma mudança seria exigir dos atletas um curriculo prévio de outras competições ou tempos nas mesmas. Achei isso muito bacana, como ela mesma disse você pode se preparar 1 ano e no dia ter um problema que te colocaria no corte da prova, mas que você queria terminar mesmo assim, com a idéia dela quem estivesse na largada no dia da prova é porque comprovado merece estar ali, bacana!

Bom, os falou João Vitor Novaes, 19 anos nesse esporte maluco do triathlon, que relutou para se inscrever em Floripa por não concordar com tudo isso, mas que cedeu à pressão dos amigos em 2013, fechei pra 11:07:00, sofri demais e não pretendo voltar, sabe porque? Porque você não precisa comprar de uma marca o selo de superar um desafio, eu levei meu corpo a um limite muito mais extremo em outras oportunidades e não existem rótulos para estes momentos, eles são meus e assim deveria ser com todos, porque um dia foi assim!